sábado, 13 de janeiro de 2018

Meditação para o 2° Domingo após a Epifania

Pe João Mendes SJ

         A presença de Cristo nas Bodas de Caná é comovedora de condescendência humana. Fala-nos a história de muitos casos de Príncipes e grandes que honraram com sua presença as bodas dos servos. Mas que venham Deus e sua Mãe a tomar parte nas alegrias festivas do amor humano ... louvada seja a sua bondade.
       Que íntimo sentimento de carinho fraterno, o do Coração de Jesus, trazendo a sua sagrada presença de Filho da Família Divina ao banquete da família humana. Porque terá ido o Verbo Encarnado ao humilde festim de um casamento?

1. A TRINDADE

      Eis o grande mistério: Deus é Família! Afirmação esta podia causar-nos estranheza. Então, a vida íntima e exclusiva de Deus é parecida com a nossa? Sim, é Verdade. Mas a pergunta admirada devia fazer-se em sentido inverso: como é que o Senhor consentiu que a nossa vida fosse parecida com a sua?
     Por Deus ser família é que nós, imagem sua, também somos. E Cristo vem de muito alto, de um abismo divino de pureza e de harmonia, para a pobre lareira esmorecida da nossa casa humana. Na Trindade, tudo é conhecimento, geração e amor, na Luz e na Santidade infinitas. Que vida de familia e que lar, onde Três pessoas distintas vivem da mesma natureza, infinitamente perfeita e infinitamente feliz! Que união, que intimidade, e que amor!..

2. EM NAZARÉ

     O Verbo Encarnado nasceu numa família. Quando a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade encarnou, podia ter aparecido entre nós, como homem adulto, sem as dependências, fraquezas e humilhações das crianças. Mas nasceu numa família, e a sua união com a natureza humana realizou-se num seio materno e num lar humano.
     Essa família, a Sagrada Família por antonomásia, como mais perfeita imagem da Trindade, foi uma família virginal, onde Cristo, virgem nasceu duma Virgem, desposada com esposo Virgem. Foi tudo espiritual e santo no nascimento do Verbo Encarnado.
     Mas apesar da santidade dos seus pais na terra, como eles eram, no entanto, pálida imagem da Vida Trinitária! Nosso Senhor Jesus Cristo é, assim, o traço de união entre a Família de Deus e a Família do homem.


3. EM CANÁ

     O Verbo Encarnado abençoa a família. A presença de Cristo, em Caná da Galiléia, mais que condescendência, é aprovação. O Verbo Encarnado vem honrar e dignificar a família humana. Vem trazer a Bênção de Deus ao que é sombra imperfeita dos esplendores da Trindade; vem purificar e sagrar um fogo doméstico, centelha do amor divino, que as paixões dos homens facilmente deixarão corromper e abafar nas cinzas do egoísmo.
     E levou o Senhor a sua simpatia compassiva a concorrer para a festa com o vinho miraculoso, símbolo da alegria sensível. Ele que gozava da alegria sem sombras, e do vinho, tão ovo e tão antigo, da Divindade felicíssima. Foi o Primeiro milagre do Messias. Como os seus olhos pousariam, com amor e indulgência, no júbilo dos dois esposos! Enquanto Deus, sabia muito bem o que era o amor e a família por essência; como homem, nascido entre homens, fazia que os sentimentos divinos, no seu coração de carne, se transformassem numa infinita condescendência.
     E desde então, desde que o Próprio Deus assistiu às Bodas do amor das suas criaturas, é que o casamento e a família se transfiguraram num mistério divino, e virão a ser um Sacramento ou fonte de graça.

CONCLUSÃO

     O Matrimônio é imagem da Trindade. O Verbo é a imagem perfeita do Pai; e do amor mútuo de ambos, procede o Espírito Santo, o Dom, o Amor personificado. Também na família humana, a esposa é o ideal, em que se revê o esposo; e do amor de ambos, tão alto que se desdobra m novos filhos de Deus, procede o dom supremo dos filhos, que são o amor personificado dos pais. Não há família perfeitamente constituída sem estes elementos.
     O Matrimônio é fonte de vida Trinitária. É que, a base da família, está a Nova Lei, um Sacramento. E o Sacramento é um sinal eficaz de graça, e a graça é uma comunicação de vida Divina. O matrimônio é , pois, coisa tão santa que espalha, na família, a mesma vida familiar de Deus, a sua vida Trinitária. E assim temos como lar cristão é já a imagem da Trindade, e mais que imagem, pequena célula divina da Jerusalém Celeste que é o corpo dos bem-aventurados. Como não há de a Igreja defender, ciosamente, a santidade e a indissolubilidade da família !!!


Sagrada Família de Nazaré guardai as nossas famílias !!!

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