domingo, 15 de maio de 2016

16 de maio- Maria é nosso conforto na morte

     "Aquele que é amigo o é em todo tempo; e nos transes apertados conhece-se o irmão" (Pr 17,17) . Os amigos verdadeiros e oa verdadeiros parentes não se conhecem no tempo da prosperidade, mas sim no das angústias e das desventuras. Os amigos do mundo não deixam o amigo, enquanto está em prosperidade. Mas o abandonam imediatamente, se lhe acontece uma desgraça ou ele se avizinha a morte. Tal não é o procedimento de Maria com seus devotos. Nas suas angústias e especialmente nas da morte, que de todas são as piores, essa boa mãe não abandona seus fiéis servos. Como é nossa vida no tempo do nosso degredo, obtendo-nos um suave e feliz trânsito. Desde aquele dia em que teve a dor e juntamente a felicidade de assistir à morte de Jesus, seu Filho, cabeça dos predestinados. Por isso a Santa Igreja manda rogar à Bem-aventurada Virgem: Rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte.
    Muito e muito grandes são as angústias dos pobres moribundos, já pelos remorsos dos pecados cometidos, já pelo horror do próximo juizo, já pela incerteza da salvação eterna. É então que o inferno lança mão de todas as armas e empenha todas as reservas para ganhar aquela alma que passa para a eternidade. Bem sabe que pouco tempo lhe resta para obtê-la e que para sempre  perde, se então lhe escapar. "O demônio desceu a vós cheio de uma grande ira, sabendo que lhe resta pouco tempo" (Ap 12,12) . Costumando a tentá-la durante a vida, não se contenta de ser ele só que a tenta na morte, mas chama companheiros  para ajudarem. "Encher-se-ão as suas casas com dragões" (Is 14,21). Quando alguém está para morrer, entram-lhe pela casa demônios que à porfia tentam perdê-lo.
    De S.André Avelino conta-se que, estando para morrer, vieram muitos demônios para tentá-lo. E de tal modo investiram contra ele, que deixaram horrorizados aos bons religiosos que o estavam assistindo. Viram eles que o santo se lhe inchou com grande grande agitação o rosto, de tal sorte que se fez de todo negro. Viram-no tremer e debater-se. De seus olhos corriam lágrimas e violentos lhe eram os movimentos da cabeça. Tudo sinais da horrível peleja que lhe dava o inferno. Os religiosos choravam de compaixão, redobravam de orações e tremiam de pavor, vendo que assim morria um santo. Mas consolavam-se em ver que o Santo repetidas vezes movia os olhos para uma devota imagem de Maria, como quem procurava o seu socorro. Vinha-lhes à lembrança a frase na qual ele afirmara que a Mãe de Deus havia de ser o seu refúgio na hora da morte. Enfim, foi Deus servido que terminasse as convulsões do corpo, desinchado e tornado o rosto à sua cor antiga, de olhos tranquilamente fixos naquela imagem, fazer uma devota inclinação a Maria ( a qual se crê que então lhe apareceu), como em ação de graças, e expirou placidamente nos braços da Mãe de Deus, tendo no rosto a transfiguração dos eleitos. Ao mesmo tempo uma religiosa capuchinha, agonizante, voltou-se para as que a assistiam e lhes disse: Rezai a Ave-Maria, porque agora morreu um Santo.
    Ah! como fogem os demônios à presença de Nossa Senhora! Se na hora da morte tivermos Maria a nosso favor, que poderemos recear do inferno? Reanimava-se Davi para as terríveis angústias da sua morte, pondo sua confiança na morte do futuro Redentor e na intercessão da Virgem Maria. "Pois ainda quando andar no meio da sombra da morte não temerei males; porquanto tu estás comigo. A tua vara e o teu báculo, eles me consolam" (Sl 22,4-5). Pelo báculo entende o Cardeal Hugo o lenho da cruz e pela vara a intercessão de Maria, que foi a vara profetizada por Isaías. Esta Divina Mãe, diz S.Pedro Damião, é aquela poderosa vara que vence todas as violências dos inimigos infernais. Anima-se por isso S.Antonino, dizendo: Se Maria é por nós, quem será contra nós? - Estando à Morte o padre Manuel Padial, da companhia de Jesus, apareceu-lhe Maria, que, para consolá-lo, lhe disse: "Eis finalmente, é chegada a hora em que os anjos, congratulando-se contigo vão dizer: Ó felizes trabalhos, ó bem recompensadas mortificações! E nisso foi visto um bando de demônios que , desesperados, fugiam gritando: Ai! que bada podemos, porque aquela que não tem mancha o defende! Da mesma forma o Padre Gaspar Haywood fooi assaltado por uma grande tentação contra a fé. Encomendou-se, porém, sem demora à Virgem Santíssima e ouviram-no exclamar: Sinceros agradecimentos, ó Maria, porque me viestes ajudar.
    Como assevera Conrado de Saxônia, a Santíssima Virgem, em defesa dos fiéis moribundos, manda o príncipe S. Miguel com todos os seus anjos, para protegê-los contra as tentações do demônio e lhes receber as almas, com especialidade as daqueles seus servos que se recomendaram continuamente a ela.


Santo Afonso Maria de Ligório

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